DESAPEGANDO E AMANDO
Uma das coisas, que mais angustiaram
meu coração e que tive muita dificuldade de lidar, desde que morri aí, para
viver aqui, é a questão do desapego.
Embora os
afetos verdadeiros do coração estejam definitivamente junto a nós é muito
complicado para espíritos da minha condição desapegar e entender que já tivemos
outras famílias. Outros pais,
outros irmãos, amigos, namoradas, esposas, filhos e vai por aí.
A morte
física e a realidade da vida espiritual é algo tão surpreendente, mas levamos
muito tempo para desapegar e seguir em frente.
Nos
primeiros anos da minha partida para cá havia uma necessidade diária de saber
notícias da minha família.
Parecia
faltar o ar, interessante isso.
É como a
criança pequena que para andar necessita segurar nas mãos da mãe para não cair.
Conforme os
anos vão passando a criança anda sozinha, e no meu caso, comecei a andar mais
solto, mais tranquilo, a medida que fui tendo mais confiança em Deus e na vida.
Aprendi aqui
que o amor verdadeiro dá segurança, é por isso que Jesus naquela celebre
passagem das bodas de Canaã indaga aos que lhe procuravam a porta:
“Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? ”
Quanta dificuldade enfrentei para entender isso.
Na Terra, ficamos no estreito e restrito círculo da carne, nossa visão é limitada e
acreditamos que as pessoas são de nossa propriedade.
O amor
nascido do espírito, quando existe, existe e pronto, não acaba, não perece, ele
permanece.
Aqui desse
lado, as nossas potencialidades despontam gradativamente, quanto mais
desapegado, mais lúcido fica o espírito.
Desapegar
não é deixar de amar, mas acreditar no amor e nas leis naturais que regem à
vida.
A cada dia
que vivo a minha visão espiritual se dilata, mais e mais.
Minha
família cresce a todo momento, porque é da vida que um dia tenhamos a
consciência plena de que somos todos filhos de Deus.
É possível
que algumas pessoas acreditem que eu deva permanecer como artigo exclusivo
para consultas e mensagens particulares.
Amo minha
família carnal e serei sempre agradecido a minha mãezinha pela oportunidade da
penúltima reencarnação, penúltima, porque terei outras pela frente.
Mas hoje,
por benção dos meus mentores já estive com outras mães que me receberam como
filho em outras vidas.
Que coisa
fantástica é a reencarnação!
Eu estive Luiz
Sérgio na penúltima vida, mas sou um cidadão do universo.
Já tive
tantos nomes e famílias, quanto os dias do ano.
Vamos
aprendendo, aprendendo e aprendendo.
Tenho muito
que agradecer a todos os espíritos que pacientemente vem me recebendo, me
amparando, me ajudando a progredir, aí ou aqui.
Me faltam
palavras para descrever o desabrochar das potencialidades espirituais aqui
nesse mundo.
O mundo que
encontrei não é mais o mesmo, porque eu não sou mais o mesmo.
Não vejo apenas
pelos olhos, minha visão nasce da mente e se expande pelo períspirito.
Minha fala
não é mais a mesma, posso adequá-la a necessidade de comunicação consoante o
propósito.
Aprendi que
o verbo que mais devemos conjugar é “servir”.
Que surpresa
imensurável é descobrir que somos os construtores do nosso destino, e que sou
eu quem dá ritmo ao meu caminhar.
Alguém pode
dizer: “Esse Luiz Sérgio está viajando!”
É verdade, estou viajando sim, mas certo da responsabilidade que devemos ter
com a benção da vida nas duas dimensões.
Vou lutando, a fim de me expandir para outros corações, que me esforço para amar.
Desapegar
para amar mais conscientemente, essa a beleza paradoxal da vida.
O amor não
segura, não prende, liberta!
Não
pertencemos a ninguém, somos de Deus.
Vamos na fé,
vamos no bem!
Luiz Sérgio (espírito) por Adeilson Salles - outubro/2015